Retomando o raciocínio da edição anterior, uma das principais estratégias associadas às melhores práticas ESG na produção de equipamentos elétricos é procurar enquadrá-la nas melhores práticas de ECONOMIA CIRCULAR. Utilizando-se da Estrutura dos 9Rs (Fonte: Potting et al. Em Circular economy: measuring innovation in the product chain), podemos nos concentrar nos 5 Rs destinados à inovação e design de produtos, que são: Reutilizar, Reparar, Recondicionar, Remanufaturar e Realocar, sendo estes conceitos muito direcionados em estender a vida útil de um produto e de seus componentes o máximo possível.
No desenvolvimento de um projeto ou de um produto, o conceito de realocar se traduz na capacidade que ele terá de, no momento de seu “tradicional” descarte, passar a ser aplicado (inteiro ou em partes) em um novo produto ou conjunto com uma diferente função. Como exemplo prático, é possível facilmente utilizar este conceito para um barramento blindado em uma indústria que muda seu layout e as peças ou partes são realocadas em uma nova instalação com um layout novo.
Da mesma forma, no desenvolvimento de um projeto ou de um produto, o conceito de remanufaturar traduz-se na capacidade que ele terá de, no momento em que seria descartado, partes ou o produto inteiro sejam transformados em um novo produto com a mesma função. Como exemplo prático, podem-se utilizar barras de cobre, estrutura, elementos de fixação, travessas, isoladores, etc., como partes e peças para a construção de um novo painel elétrico, seguindo as recomendações do fabricante original, conforme a normativa vigente.
Da mesma maneira, no desenvolvimento de um projeto ou de um produto, o conceito de recondicionar implica na capacidade que ele terá de, no momento em que seria descartado, seja restaurado ou atualizado com novas tecnologias. Um exemplo prático seria a atualização de relés de proteção, com novas funcionalidades como comunicação, firmware etc., em um conjunto de manobra e comando em alta tensão instalado em uma fábrica há muitos anos.
Continuando a análise, no desenvolvimento de um projeto ou de um produto, o conceito de reparar traduz-se na capacidade que ele terá de, no momento em que seria descartado, seja possível de ser consertado, reparado através de processos de manutenção previstos pelo fabricante original, de modo a poder ser utilizado em sua função original. Um exemplo prático seria a substituição de partes e peças defeituosas no comando mecânico de um disjuntor de média tensão, como bobinas de abertura ou fechamento, em um conjunto de manobra e comando em alta tensão instalado em uma fábrica há muitos anos.
Por fim, no desenvolvimento de um projeto ou de um produto, o conceito de reutilizar traduz-se na capacidade que ele terá de, no momento em que seria descartado, seja reutilizado por outro consumidor ou utilizador do produto descartado que ainda está em boas condições e pode cumprir sua função original. Essa cultura da reutilização seria facilmente aplicável se os hábitos e regras de mercado permitissem a comercialização de equipamentos usados, como cabines primárias, transformadores e grupos geradores.
Como já havia escrito antes, o conjunto de boas práticas associadas à ESG é baseado no tripé: meio ambiente, sustentabilidade e governança. Para mim, a cultura industrial, mas, sobretudo, o comportamento das pessoas e do mercado facilita ou dificulta a aplicação dessas boas práticas. Sendo assim, qual é a decisão que tomamos no caminho do futuro? Qual a escolha de nossa sociedade nesta direção? Precisamos pensar muito nisso.
Encerramos aqui a terceira abordagem prática do tema e, para a próxima edição, traremos a última abordagem prática do assunto para a economia circular aplicada aos equipamentos elétricos. Não perca!
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